domingo, 7 de novembro de 2010

E perante a brevidade da vida, o que fazer?
Tratamentos, medicamentos e inúmeros pensamentos.
A evolução da ciência versus ciclo natural da vida.
Em que momento pessoas se tornam números de leito, meros retratos de doenças, rabiscos mal feitos de toda uma existência?
E o que fazer diante disso tudo? Há tão pouco pra que fazer, não há o que dizer!
O melhor que temos para oferecer está no nosso silêncio, no nosso olhar calado, nos nossos desejos de poder fazer algo constantemente repreendidos pela nossa fria e dura realidade.
Ainda somos terrivelmente impotentes perante o circulo vital.
Começo, meio e fim é a regra geral.
Prolongar a vida ou protelar o sofrimento? O dever versus o querer, a finitude do que parece eterno e todas as questões que cercam isso, se é um fim, se podemos decidir quando é chegada a hora desse fim.
Eutanásia, suicídio ou simplesmente a morte que se apodera de repente de seres antes tão vivos e tão eternos.
Não importa a forma, uma hora todas as chamas cessam.
A ‘indesejada’ está aí, rondando todas as portas. E cedo ou tarde ela irá entrar. Talvez bata à porta ou simplesmente invada.
A única certeza é que ela virá.

(A quem vem ou a quem vai, que seja em paz.)


'Quando a indesejada das gentes chegar
(Não sei se dura ou caroável),
Talvez eu tenha medo.
Talvez sorria ou diga:
- Alô, iniludível! O meu dia foi bom, pode a noite descer.
(A noite com os seus sortilégios)
Encontrará lavrado o campo, a casa limpa,
A mesa posta,
Com cada coisa em seu lugar'

Consoada - Manuel Bandeira


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